quinta-feira, 21 de julho de 2011

Afinal, Por que Incomodamos Tanto Ainda?


“Bem aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus”. Mateus 5.10

Beati qui persecutionem patiuntur propter iustitiam
quoniam ipsorum est regnum caelorum
(Mt. 5:10 na vulgata latina).

Afinal, Por que Incomodamos Tanto Ainda?

Já se passaram nove anos desde que um artigo do saudoso Rev. João Paulo foi publicado com este questionamento, no ano de 2002 para ser mais preciso; esta contestação elencada por ele foi motivada por um fato ocorrido na ocasião de uma conferência teológica realizada na 1ª Igreja Presbiteriana do Recife nos dias 10 e 11 de Maio do mesmo ano. Eu ainda era seminarista na ocasião e dentre muitas recordações esta eu jamais esqueci, pois diante de um público seleto de pastores, teólogos e membros de outras igrejas e denominações ouvimos na abertura das conferências as seguintes palavras do Rev, Marcos Lins presidente do Presbitério da IPB: “A posição oficial da IPB com relação ao movimento fundamentalista é de equidistância! O movimento fundamentalista é nocivo às igrejas ortodoxas, tão nocivo quanto o liberalismo!”

Imaginem o choque e todo aquele constrangimento que os seminaristas naquela ocasião passaram, eu confesso que naquele instante senti vontade de desaparecer dado o desconforto causado pela imprudente afirmação. Um misto de aversão por aquela tão injusta acepção, ao mesmo tempo um sentimento de bem aventurança por poder sofrer tal afronta por amor a Cristo, e amor a minha amada denominação, oxalá que pudéssemos naquele instante dizer como o apóstolo Paulo: “Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo”. (II Co 12:12ª).

Mais o que significa sentir prazer mesmo com o infortúnio gerado pelas perseguições? Conforme diz o texto na vulgata latina estar “beatus” que traduzido em latim significa: “Bem aventurado, feliz e estar em um estado de graça”. Ainda que nós Presbiterianos Fundamentalista, nos sintamos perseguidos, injuriados e formos objeto de calúnia e difamação por defendermos os fundamentos da Palavra de Deus, a nossa reação a estas declarações mesmo com todo o desconforto e constrangimento que elas causem deve ser semelhante a do apóstolo Paulo; ao invés de nos acuarmos assustados como alguém que sofre de complexo de inferioridade, devemos sentirmo-nos em um estado de graça por ser perseguido por defender aquilo que acreditamos, ser perseguido por causa da justiça é ser perseguido por aquilo que vale a pena defender, ser perseguido por causa da justiça é ter a consciência em paz com Deus por zelar pela sua Palavra, é ter um espírito semelhante a Cristo como ele mesmo disse: “Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração” (Mt. 11:29). Defender seu ponto de vista sem ofender a pessoas, sem caluniar as instituições cristãs sérias e comprometidas com a Palavra de Deus este é um ensinamento constantemente negligenciado em nossos dias.

Que lastimável! Que ainda hoje tais homens de Deus que deveriam zelar pela pureza e unidade da igreja do Senhor estão quebrando deliberadamente com este ensinamento de Jesus, não acredito que classificar uma denominação histórica e séria coma a IPF de forma leviana como nociva, seja uma postura humilde ou mansa. O que tenho observado é que o tom iracundo dos nossos opositores denota uma agressividade e força desproporcional, tendo em vista que nossa pequena denominação contribuiu e tem contribuído até hoje ao presbiterianismo com uma relevante e concisa defesa da fé bíblica e que não assombra nem ameaça as gigantes como a IPB. Como podemos associar as ríspidas aversões de equidistância daqueles que se intitulam nossos irmãos com a mansidão ensinada por Cristo? Parece-nos que isto é uma contradição de termos, pois não há nenhuma mansidão nas calúnias e difamação que recebemos é nisto que configura uma contradição da prática cristã e a ortodoxia cristã.

Outra ofensiva direta a denominação Presbiteriana Fundamentalista foi desferida pelo artigo publicado na revista Fides Reformata Et Semper Reformanda Est. (volume IV número I) no ano de 2001 pelo Rev. Guilhermino Cunha, presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil na ocasião, sob o título "Os Herdeiros da Carl Mcintire". Notem como o Rev. João Paulo chama atenção de como a forma sutil deste artigo inclina-se a caluniar a denominação:

“Quero sim chamar a atenção para o tom iracundo e agressivo do artigo, um tom de quem se sente ameaçado, de quem não consegue esconder o desconforto ante a existência e as manifestações, mesmo que quase inaudíveis e imperceptíveis daquele a quem ataca. No artigo o Rev. Guilhermino Cunha acusa levianamente ministros de Deus de terem sido veniais quando da divisão da IPB - IPFB. A divisão ele atribui a motivos pessoais e menores desses líderes e não aos problemas doutrinários no sistema de ensino teológico da IPB, que realmente provocaram a separação. Indo mais além relaciona-os com o ato e o caráter de Judas Iscariotes. Acusa os fundamentalistas de serem obtusos intelectualmente e fanáticos que ao invés da razão usam a força para expressar suas posições. Termina sua obra prima com um indisfarçável (embora ele tenha tentado disfarçar) tripudiar regozijado pela desgraça em que caiu o Rev. Carl Mcintire, que o autor chama de "pastor" entre aspas, nos últimos anos da sua longa vida.” (Afinal, por que incomodamos tanto? Publicação de um artigo pelo Rev. João Paulo que circulou no Seminário Presbiteriano Fundamentalista do Brasil, disponível em:http://www.reformadosr.blogspot.com/).

Entretanto algumas posições equilibradas convêm citar, o capítulo 29 do livro do Rev. Augustus Nicodemus Lopes “O que estão fazendo com a igreja” sob o título Fundamentalistas e liberais, ele diz: “Contudo, no geral, acho que posso dizer que os fundamentalistas teológicos não fariam feio numa pesquisa de opinião sobre o que crêem os evangélicos brasileiros. Por este motivo, e por achar que o assim chamado fundamentalismo teológico é simplesmente outro nome para a fé histórica, não fico envergonhado quando me rotulam dessa forma, embora prefira o termo calvinista ou reformado.” ( O que estão fazendo com a igreja - Augustus Nicodemus Lopes-2008-Mundo cristão-p.183-186)

Eu não entendo a razão para o complexo de Édipo de alguns ministros fundamentalistas, se o grande doutor Augustus Nicodemus que não é fundamentalista não se incomoda com o rótulo que é nosso por que nos envergonharíamos nós dele? Ainda em seu blog o Reverendo Augustus reafirma a sua opinião sobre o fundamentalismo no artigo intitulado “Um Credo para os Fundamentalistas” nos seguintes termos: “É só uma sugestão. Acho que posso sugerir, pois fui criado numa denominação fundamentalista e mesmo que não pertença a ela hoje, continuo a ser chamado assim. Portanto, segundo meus críticos, devo entender razoavelmente do assunto”.(disponível em: http://tempora-mores.blogspot.com/)

Ataques hostis diretos e indiretos quanto ao uso do termo fundamentalista, por exemplo, merecem atenção do prof. Ulisses Horta, notem como ele protesta contra a legitimidade do uso deste termo e até mesmo o preconceito por parte de alguns: “Uma nota de esclarecimento é ainda válida: Hoje, no Brasil, há uma considerável confusão com o termo fundamentalismo. O mesmo vem sendo utilizado indiscriminadamente, sem deixar ao ouvinte ou leitor a verdadeira identificação que cabe no uso, de acordo com as intenções daquele que o utiliza”. (A Subscrição Confessional – Ulisses Horta Simões – Ed. Efrata – 2002. P. 141 e 142)

Além da ilegitimidade do uso do termo algo ainda pior e que denota um explicito preconceito é o que o prof. Ulisses chama de estelionato hermenêutico, por que muitos associam o termo fundamentalista ao “radicalismo obscurantista”; ele diz: “Pior da forma como muitos usam hoje, ser fundamentalista pode parecer simplesmente ser radical obscurantista ou coisa que valha; como se o vocábulo somente permitisse tal inclinação semântica. É um grave erro, um estelionato hermenêutico.”

Que tempos esses nossos! Após nove anos os ataques austeros dos inimigos do fundamentalismo,atualmente eles se acentuaram, hoje seus ataques apoplécticos (irritado, acalorado) vieram no presente via internet com artigos publicados em blogs e comunidades do Orkut, com alguns títulos nada humildes como: Fundamentalismo utópico, fundamentalismo morto! Entre outros. A pergunta do Rev. João Paulo ainda ecoa em nossos corações: Afinal, por que incomodamos tanto? Existe uma expressão muito conhecida nossa que é a seguinte: “Lignumque faciens fructum, omnis dolor petram” Que traduzida do latim diz: Árvore que dá fruto, todo mundo joga pedra. Esta premissa é verdadeira também quando se refere ao crescimento da nossa amada IPF do Brasil, é fato que ele ainda é tímido se comparado com as outras denominações históricas, este fato torna ainda mais incompreensível a indagação que fizemos se somos uma denominação tão inexpressiva no cenário presbiteriano nacional qual a razão para tanta aversão? Qual o motivo de tanto incômodo? Por que somos tão criticados? Por que tantas calúnias? Talvez a resposta esteja exatamente no texto bíblico oficial da nossa denominação: “Batalhando diligentemente pela fé que uma vez por todos foi entregue aos Santos”.

As bem aventuranças proferidas por Jesus didaticamente não ensinam uma doutrina passiva, Cristo não ensinou nem tencionou dizer com este texto que os discípulos deveriam se contentar com as perseguições por causa da justiça e morrem calados a espera de uma recompensa no céu; muito pelo contrário eles deveriam de forma ativa batalhar pela fé ainda que o resultado disto fosse perseguição. Muitos foram os servos do Senhor que foram perseguidos por batalhar, por lutar, por defender aquilo que acreditavam a começar do diácono Estevão que foi apedrejado por uma multidão enfurecida (At. 6 e 7); em 1410 John Huss, condenado pelo Concílio de Constância antes de morrer foi queimado numa fogueira por causa de sua fé em Cristo, bradou: “Hoje vocês matam o ganso (huss significa ganso na língua boemia), mas daqui a cem anos nascerá um cisne que não poderão matar”. Comumente atribui-se o Cisne ao grande reformador Lutero, que nasceu cem anos depois e promoveu a Reforma Protestante na Alemanha em 1517. Em 21 de março de 1556 Tomás Cranmer reformador inglês foi forçado pela autoridade papal a fazer uma declaração publica renegando todo seu ensino que contrariava a teologia da igreja romana, após negar-se a fazer tal declaração e dizer: “E sobre o Papa, eu o recuso, como inimigo de Cristo e Anticristo, com toda sua falsa doutrina." Foi levado à fogueira.

Isto tudo nos leva a um estado de perplexidade semelhante a do Paulo: “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desesperados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos.” (II Co. 4:8 e 9). Estas perseguições tornam-se ainda mais incompreensíveis quando constatamos que ela vem de dentro da própria comunidade cristã. Em suma, devemos estar gratos também a estes "detratores", sobretudo àqueles que têm se manifestado em tom virulento e ofensivo contra nós e quanto aos princípios que defendemos e que embora seus ataques irritados e muitas vezes irracionais em alguns momentos nos entristeçam, também nos reconfortam em nossas escolhas, pois nem sequer nosso último desejo seria agradar a quem quer que sustente qualquer tipo de ideologia injusta, rebelde e aleivosa que macule o bom nome da nossa amada Igreja Presbiteriana Fundamentalista do Brasil, que continuemos a incomodar aos que se opõem a verdade de Deus, que sejamos ainda mais perseguidos por causa da sua justiça e que o Senhor da Igreja Cristo, estabeleça o seu trono de Justiça com disse Calvino: “Que o Senhor, rei dos reis, estabeleça o trono de Sua Majestade na justiça, e seu reino na equidade...”

*Rev. Luciano Gomes da Silva é pastor da Igreja Presbiteriana Fundamentalista do Brasil em Aldeia, Camaragibe, PE. Professor do Seminário Presbiteriano Fundamentalista do Brasil em Recife. Pós-Graduado em Teologia Exegética pelo Seminário Presbiteriano do Norte e Graduando em Letras pela Faculdade São Miguel.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Palavra do Diretor do SPFB: Uma Agência Preocupada com o Ensino das Sagradas Escrituras



Viagem EUA Igreja Presbiteriana Bíblica.

1Tm. 4:13 “Persiste em ler, exortar e ensinar até que eu vá”



Nós que fazemos parte da igreja do nosso Senhor Jesus Cristo, temos uma missão que nos é apresentada pelo Senhor em Mateus 28: 18-20 “...portanto ide, ensinai todas as nações” .

O Antigo Testamento registra que o ensino era fundamental na vida do povo de Deus. Os profetas e os sacerdotes tinham da parte de Deus a responsabilidade de ensinar descrevendo o futuro glorioso de Sião. Isaías 54:13 declara o anuncio de Deus: “Todos os teus filhos serão ensinados do Senhor e será grande a paz de teus filhos”.
Vemos assim que o ensino era indispensável ao povo de Israel. Era através dele que recordava-se a cada geração as maravilhas realizadas pelo Senhor.
Na verdade, o ensino do Velho Testamento era o caminho pelo qual Deus conduzia o seu povo. Quando lemos o Salmo 78, vemos a importância da docência que deveria ser passada de pais para filhos. “Para que a geração vindoura a soubesse, os filhos que nascessem se levantassem e a contassem a seus filhos. Para que pusessem em Deus a sua esperança e se não esquecessem das obras de Deus, mas guardassem os seus mandamentos” Salmo 78: 6, 7. A seguir, este Salmo leva o povo a uma recordação.
A história precisava ser contada, não uma nem duas, mas várias vezes. O jovem israelita ouvindo as narrativas dos pais, cruzava o mar vermelho, acampanhava-se no deserto, recebia a lei e entrava no pacto da aliança com Deus. Tudo isso era repassado constantemente para que não se esquecessem dos grandes feitos de Deus.
Esse relato possibilitava às novas gerações um meio de participar da história de Israel. Leia Deuteronômio 6: 20-25, ali você verificará que a instrução tem lugar no culto, tanto no comunitário como no familiar.
Saímos do Antigo Testamento e chegamos ao Novo. Ali nos deparamos com o Senhor Jesus Cristo, exercendo o seu ministério. Qual a metodologia usada pelo Senhor? Ensinar e Pregar.
Mateus 11:1 “E, aconteceu que acabando Jesus de dar instruções aos seus doze discípulos partiu dali a ensinar e a pregar nas cidades deles”.
Jesus foi um educador por excelência. Em circunstâncias, as mais diversas encontramos o Senhor ensinando, quer por parábolas quer diretamente, o ensino era um fator importantíssimo na sua vida. Seu ministério foi tipicamente docente e continua sendo através dos seus fiéis discípulos, “Ide, ensinai”.
A igreja nascente, a igreja primitiva, começou o seu ministério pondo em prática a docência. O apóstolo Paulo esperava que seu ensino fosse acatado, Colossenses 1:28 “A quem anunciamos admoestando a todo o homem e ensinando a todo homem...”.
Aconselhou o jovem Timóteo “persiste em ler, exortar e ensinar” 1Tm. 4:13. Vemos que o ensino na comunidade do povo de Deus é uma manifestação da multiforme graça de Deus para edificação e condução da igreja.
Com a reforma protestante o ministério do ensino foi restaurado. O culto passou a centralizar-se nas escrituras. A igreja voltou a ser educada, instruída na Palavra de Deus.
Lutero, um dos reformadores, teve consciência da necessidade do ensino, exortava os pais a cuidar da instrução de seus filhos, escrevendo no prefácio de seu Catecismo Maior: “Aquele que ignora essas coisas, não pode ser contado entre os cristãos, e não deve ser admitido aos sacramentos, assim como é despedido e considerado incompetente um artesão que não conhece os direitos e habilidades de seu ofício”.
E o que dizer de Calvino que fundou as primeiras escolas públicas em Genebra-Suíça em 1536, dando início assim a educação nacional, sustentada e dirigida pelo Estado.
A Reforma colocou a Bíblia no seu lugar central como fora nos tempos apostólicos.
Estimados irmãos, o nosso Seminário (Seminário Presbiteriano Fundamentalista do Brasil), funciona há mais de cinquenta anos. E o propósito desta instituição é preparar na Palavra os vocacionados ao sagrado ministério e, instruir cada membro que não é chamado para o pastorado mas, deseja melhor servir ao Senhor na sua igreja, como um soldado que maneja bem a espada do espírito.
Estamos vivendo tempos trabalhosos, tempos difíceis, conforme declaração do apóstolo Paulo a Timóteo. (1Tm. 4:1)
As igrejas, na sua maior parte, não estão dando mais à Bíblia o lugar que ela deve ter. No lugar do ensino estão os testemunhos, o louvorzão, as peças teatrais, as coreografias.
O analfabetismo Bíblico está crescendo assustadoramente. A ignorância das verdades Bíblicas campeia no seio das igrejas, a ignorância atual é impressionante.
Os líderes tornaram-se negligentes no ensino da Palavra. Como as coisas estão, qual será o futuro da igreja se o seu sustentáculo é o ensino das verdades Bíblicas.
O objetivo do nosso Seminário é proporcionar aos crentes no Senhor Jesus Cristo, as condições para que ele conheça de uma forma clara e profunda ao Senhor. Para que ele amadureça na fé. Para que com a autoridade da Palavra e o aprendizado em manejá-la bem, possam servir à sua igreja para honra e a glória do Senhor Jesus Cristo.

Rev. Pastor José Vasconcelos da Silva Filho

Diretor do SPFB do Brasil

sábado, 9 de julho de 2011

Desenvolvimento Histórico da Teologia Bíblica


O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma breve e introdutória perspectiva sob o ponto de vista da revelação progressiva observando o processo histórico bíblico, a saber: A Teologia Bíblica que ao contrário da Teologia Sistemática, é indutiva, isto é, a partir da pesquisa exegética faz afirmações, ou seja, parte do específico para o geral. Primeiramente é necessário dizer que basicamente o estudo sistematizado e dogmático serviu de base inicial desde as eras primitivas na história do estudo da Bíblia (Teologia dogmática, apologética e filosófica do séc. II e III). Nesta abordagem observaremos o contexto histórico ao passo que analisaremos o cumprimento linear da teologia conceito defendido por Vincent Cheung:
A Teologia bíblica é linear, na forma de história...
[ www.monergismo.com/textos/teologia/historia-sistema-ts-tb_vincent-cheung]

Segundo que é relativamente nova a abordagem da teologia bíblica se comparar, por exemplo, com o advento dos apologistas do II e III séc. Justino Mártir (100-165) principal apologistas do século II, filósofo idealista e simpatizante as idéias de Platão e Aristóteles. Em sua obra conhecida como “Apologia ao Imperador” Na principal seção desta obra Justino dedica à apresentação da moral, das doutrinas e do fundador do cristianismo. A razão para o apelo a filosofia como base para a defesa da fé vem da necessidade de uma definição clara e objetiva das verdades eternas de Deus, devido às pressões externas e oposições a revelação de Deus no cristianismo, fato este que talvez tenha motivado os apologistas assumiram esta postura teológica apologética, não uma abordagem a teologia bíblica. Este momento na história na igreja não propiciou uma abordagem que se leva em conta o processo histórico da revelação o estudo era dogmático ou sistemático. É o que Louis Berkholf define:
“Pressões externas e internas requeriam definições claras a defesa da verdade, e isso deu origem à Teologia. Os primeiros Pais que assumiram a defesa da verdade são, por essa mesma razão, chamados apologetas... Dirigiam suas apologias em parte aos governantes e em parte ao público inteligente. Seu objetivo imediato era suavizar a atitude das autoridades e do povo em geral para com o cristianismo. Buscavam conseguir isso exibindo o seu verdadeiro caráter e refutando as acusações assacadas contra os cristãos. Mostravam-se particularmente solícitos em tornar a religião cristã aceitável diante das classes educadas frisando sua racionalidade. Com isso em mira, expunham-na como mais elevada e segura filosofia...” [BERKHOLF, Louis – A História das Doutrinas Cristãs, 1992, pp.53]

Tendo como público alvo na sociedade os governantes e algo que Berkholf define como “publico inteligente”, os apologistas fundamentaram sua defesa da fé utilizando-se do argumento filosófico. Havia uma necessidade emergente de uma abordagem teológica que fosse aceita por um público influenciado pelo helenismo e que detinha certo nível intelectual, desta forma assim como os pais apologistas são fruto de uma época em que era inevitável o rumo tomado pelo estudo da teologia, em toda história da teologia cristã haviam ênfases ao estudo queira sistematizado ou dogmático.
Atualmente o renomado interesse pela Teologia Bíblica surge como mais uma ferramenta de estudo da qual se faz vital para a compreensão da revelação de Deus.O ressurgimento de questões teológicas básicas na fé cristã reacenderam discursões teológicas como a Cristologia. Durante o séc.XVIII houve considerável mudança no estudo acerca da Pessoa de Cristo graças a Teologia Bíblica. Até então o ponto de partida fora predominantemente teológico, e a cristologia era o resultante da teocêntrica. Os eruditos atarefados na estruturação da doutrina de Cristo começaram com o Logos, a Segunda Pessoa da Trindade, em seguida buscavam interpretar a encarnação para fazer à unidade da Pessoa do Salvador, mas também à integridade e veracidade de ambas as naturezas. Ao que hoje chamamos de União hipostática que durante a Idade Média a qual Tomás de Aquino aderia e aceitava:
“Durante a Idade Média a doutrina da Pessoa de Cristo não ocupava o primeiro plano...Breve Indicação dos pontos mais salientes da estrutura de Tomás de Aquino sobre a doutrina de Cristo será suficiente para mostrar como se achava essa questão ao tempo da Reforma. Quanto à União hipostática em Cristo, Tomás de Aquino aderia à teologia Aceita.” [BERKHOLF, Louis – A História das Doutrinas Cristãs, 1992, pp.104]

Houve então maior convicção então a partir da declaração de Johann Phillip Gabler o Pai da Teologia bíblica, de que descobrir mais a cerca da obra e vida de Jesus partido do método de estudo Teológico convencional, e que resultados mais satisfatórios poderiam ser obtidos se começasse mais no centro, as saber, com o Estudo do Jesus Histórico. Teve início um novo período Cristológico, O Cristo da fé foi comprovado por estudos que procuraram nos evangelhos sinóticos vestígios de sua obra existência e autenticidade. Embora isto promovesse uma grande revolução no conceito do estudo relativo à Pessoa de Cristo houve grandes avanços mais também resultados destrutivos, pois o fator determinante na formação de um conceito apropriado a Jesus não era o que a Bíblia ensina a respeito de Cristo, mas nossos próprios descobrimentos e investigações dos fenômenos de sua vida e de nossas experiências com Ele. Sobre este destrutivo método Berkhouf diz:
“Uma distinção perniciosa e de reverberações distantes se fez entre o Jesus histórico, delineado pelos escritores dos Evangelhos, e o Cristo Teológico, fruto da imaginação fértil dos pensadores teológicos dos dias de Paulo em diante, cuja imagem agora se refletiria nos credos da igreja. O Senhor da Glória foi despido de tudo quanto é sobrenatural, ou quase...” [BERKHOLF, Louis – A História das Doutrinas Cristãs, 1992, pp.107]


É bem sabido de nós que embora a reforma do Séc. XVI seja considerada como a origem e surgimento da Teologia Bíblica, somente um século depois ainda conserva da teologia dogmática, é que Ela começa a se desenvolver. Com o Advento de Iluminismo a teologia bíblica influenciada pelo racionalismo cria o conhecido método “histórico-Crítico” Assim, a Teologia Bíblica recebe um enfoque histórico-descritivo que culmina na ruptura com a sistemática. Quanto a Crítica Bíblica sabemos que pelo fato de não existirem mais os autógrafos dos escritos bíblicos, é preciso lançar mão de manuscritos, lecionários, citações nos antigos autores cristãos, óstracos e traduções posteriores. A partir de todas estas fontes, o crítico textual estabelece um "texto original", reconstruído, apoiado nas probabilidades e suposições estabelecidas a partir das testemunhas utilizadas.
O questão da qual devemos considerar até que ponto este método é confiavel em estabelecer probabilidades e suposições precisas a respeito do Jesus-Histórico. Devido a esta Liberdade teológica muitos empolgados abandonaram o método convencional fundamentalista que é definido por Une Wegner:
“O método fundamentalista como entendemos aqui, parte do pressuposto de que cada detalhe da Bíblia é devidamente inspirado, não podendo, em decorrência, apresentar erros ou incongruências... Seu objetivo é o defender a Bíblia como único referêncial confiável e integro para a formação da doutrina e éticas cristãs.” [WEGNER, Une, exegese do Novo Testamento, 2007, pp15]

E se aventuraram no liberalismo, que surge com uma proposta de interpretação que Berkhouf definiu de “Despir o Senhor da Glória de tudo o que é sobrenatural”. Teológos liberais partindo do método histórico-gramatical fomularam sua visão moderna da Neo-Ortoxia de que a bíblia toran-se a palvra de Deus atrvés do encontro pessoal com o homem. Nomes como Shubert Ogdem e Rudolf Bultmann são conhecidos pela sua vizão demitizante ou adéptos do processo de Desmitologização da Bíblia, a saber, Ela torna-se a Palavra de Deus a partir do momento em que nos a despimos de todos os mitos e lendas:
“Rudolf Bultmann e Shubert Ogden são representantes característicos da visão demitizante. Ambos diferem entre si, uma vez que Ogden não vê nenhum cerne histórico que dê consistência aos mitos da Bíblia, Embora Bultmann consiga enxergar isso. Ambos concordam em que a Bíblia foi escrita em linguagem mitológica, a da época de seus autores, época já passada e obsoleta. A tarefa do cristão moderno é despi-la de seus trajes lendários, mitológicos e descobrir o conhecimento existencial a ela subjacente. Afirma Bultmann que, a partir do momento que a Bíblia é despida desses mitos religiosos, a pessoa encontra a verdadeira mensagem do amor sacrifical de Deus em Cristo.” [GEISLER, Norman, NIX, William, Introdução Bíblica, 1997, pp18]

Embora reconheçamos as dificuldades em estabelecermos os pontos negativos e positivos relativos a todos estes avanços na área de Teologia Bíblica, reconhecemos que desvirtuamentos e extremos foram predominantes para o declinio teológico por parte de alguns estudiosos e eruditos. Craig L. Blomberg em sua obra Jesus e os Evangelhos reconhece que o Iluminismo desencadeou várias linhas de pensamento bíblica a cerca do Jesus-Histórico que a bíblia foi objeto de interesse não necessariamente de crentes que trocaram a sua fé por conclusões históricas bastante divergentes:
No Início o Iluminismo, nos anos 1700, surgiram abordagens bem diferentes das Escrituras. A princípio, a Bíblia foi estudada por pessoas, em especial na Alemanha, não necessariamente crentes, ou que puseram entre parênteses a sua fé para deixar a porta aberta a conclusões históricas bastante divergentes do dogma tradicional.” [BLOMBERG, L. Craig, Jesus e os Evangelhos, 2009, pp106].

Outro problema é que sobre os estudos relativos à cristologia muitos dos teólogos de linha liberal partiram do pressuposto de que conhecer o Cristo-Histórico é uma tarefa praticamente impossível pela insuficiência de informações sobre sua existência, por que tudo que tinham no seu entendimento liberal não passava de uma criação mitológica da igreja primitiva:
“O cristianismo tem conservado sempre a esperança de que o reino de Deus virá em um futuro imediato, ainda que o tenha esperando em vão. Podemos citar assim a Marcos 9.1, cujas palavras não são autênticas de Jesus, senão que foram atribuídas pela comunidade primitiva...” [BULTMANN, Rudolf, Jesus e Mitologia, 2003, pp13]

Sem contar que problemas relacionados às divergências existentes nos evangelhos sinóticos constituíam uma enorme barreira a sua aceitação como evidência confiável. Diante deste quadro cético pintado pelos teólogos de linha liberal só restava então nutrir apenas esta informação a cerca do Jesus - Histórico:
“... A questão do Jesus histórico de igual modo ressurgiu. Depois de atingir baixíssimo interesse na era do prolífico Rudolf Bultmann, que disse que tudo quanto podemos saber de Jesus é que Ele viveu e morreu.”[ BLOMBERG, L. Craig , Jesus e os Evangelhos, 2009, pp.108]

Diante de todo este quadro complexo a que tomou o rumo da teologia bíblica embora levada a sério pelos Fundamentalistas e em certa parte em seu aspecto positivo que reside na seriedade com que encara a revelação de Deus através de sua Palavra e na responsabilidade e no compromisso que exige frente à sua mensagem; porém que tendem a absolutizar o sentido literal da Bíblia de tal forma que desconsideram a possibilidade da sensibilidade para a condição humana dos autores e desta forma compreendem satisfatoriamente a sua subscrição da Ipsissima Verba. Do outro lado os radicais que levavam ao extremo a dicotomia entre o Cristo da Fé e o Jesus Histórico afirmando ser impossível estabelecerem um estudo sério sem que haja uma extirpação dos mitos e lendas.
De sorte que teólogos de uma posição mais moderada como Joachim Jeremias, estão interessados em determinar a verdade a cerca de Jesus através do estudo dos textos para que possamos obter no final o relato mais próximo dos autógrafos, porém esta posição como era de se esperar da Crítica Textual não considera toda bíblia como Palavra de Deus, mais que Ela contém A Palavra de Deus e desta forma justificam a sua concordância com a Ipsissima Vox.
Seja qual for nosso ponto de investigação da vida e ministério de Jesus precisamos tomar uma posição em alguma destas escolas e definirmos o rumo que vamos dar a nossa Teologia Bíblica, sejam, pois os nossos pressupostos baseados nas nossas mais firmes convicções teológicas e, sobretudo na nossa Fé Reformada que parte do princípio da Sola Escriptura. Ela será nosso mestre em questões de fé e de razão, seja qual forem os nossos juízos sobre Ela, que estejam sobre as nossas consciências à responsabilidade de que somos a Vox Dei em um mundo caído e em confusão e que o soberano Senhor é Deus Zeloso e que vela pela sua Palavra.

Bibliografia:

1.RIDDERBOS, Herman, A Teologia do Apóstolo Paulo, 2004.
2. www.monergismo.com/textos/teologia/historia-sistema-ts-tb_vincent-cheung
3. BERKHOLF, Louis – A História das Doutrinas Cristãs, 1992, pp.53
4. WEGNER, Une, exegese do Novo Testamento, 2007, pp15.
5. GEISLER, Norman, NIX, William, Introdução Bíblica, 1997, pp18.
6. BLOMBERG, L. Craig, Jesus e os Evangelhos, 2009, pp106.
7. BULTMANN, Rudolf, Jesus e Mitologia, 2003, pp13.

UMA ABORDAGEM GRAMÁTICAL E ANTROPOLÓGICA DA EPISTEMOLOGIA EXISTENCIAL HUMANA


UMA ABORDAGEM GRAMÁTICAL E ANTROPOLÓGICA DA EPISTEMOLOGIA EXISTENCIAL HUMANA
Luciano Gomes da Silva*


INTRODUÇÃO

Ao nos depararmos coma a celebre frase: Cogito, ergo sum significa "penso, logo existo"; ou ainda Dubito, ergo cogito, ergo sum: "Eu duvido, logo penso, logo existo" Que foi a conclusão do filósofo e matemático francês Descartes alcança após duvidar de sua própria existência, mas a comprova ao ver que pode pensar e se está sujeito a tal condição, deve de alguma forma existir. Nos desafiamos quase que diariamente em nossas devocionais, púpitos e seminários e exclarecer alguns pontos da existência humana, é matéria de interesse e estudo nosso, é matéria de estudo o homem; a própria ciação em sí já infere o interesse de Deus nesta criatura criada a sua imagem e semelhança, é por isto que a nossa teologia e todo o princípio epistemológico da antropologia humana justifica a relevância do nosso estudo do homem fato este definido por Louis Berkhof:
A transição da teologia para a antropologia, isto é, do estudo de Deus para o estudo do homem, é natural. O homem não é somente a coroa da criação, mas também é objeto de um especial cuidado de Deus. E a revelação de Deus na Escritura é uma revelação dada não somente ao homem, mas na qual o homem é de interesse vital. Não é uma revelação de Deus no abstrato, mas uma revelação de Deus em relacão às Suas criaturas, e particularmente em relação ao homem. É um registro dos procedimentos de Deus par com a raça humana, e especialmente uma revelação da redenção que Deus preparou para o homem e para a qual Deus procura preparar o homem. Isto explica por que o homem ocupa um lugar de central de importância na escritura, e por que o conhecimento do homem em relação a Deus é essencial para entende-la adequadamente. A doutrina do homem deve seguir-se imediatamente à de Deus, dado que o conhecimento dela é pressuposto em todos os subseqüentes loci da dogmática....A antropologia teológica ocupa-se unicamente do que a Bíblia diz a respeito do homem e da relação em que ele está e deve estar com Deus. Ela só reconhece a Escritura como a sua fonte, e examina os ensinamentos da experiência humana à luz da palavra de Deus [BERKHOLF, Louis-Teologia Sistemática,2000, p.172]
Em quanto que Descartes pretendia fundamentar o conhecimento humano em bases sólidas e seguras (em comparação com as fundamentações do conhecimento medievais). Para tanto, questionou e colocou em dúvida todo o conhecimento aceito como correto e verdadeiro (utilizando-se assim do ceticismo como método, sem, no entanto, assumir uma posição cética). Ao pôr em dúvida todo o conhecimento que, então, julgava ter, concluiu que apenas poderia ter certeza que duvidava. Se duvidava, necessariamente então também pensava, e se pensava necessariamente existia (sinteticamente: se duvido, penso; se penso, logo existo). Por meio de um complexo raciocínio baseado em premissas e conclusões logicamente necessárias, Descartes então concluiu que podia ter certeza de que existia porque pensava.Esta foi à conclusão de Descartes acerca da existência humana, porém não é tão simples assim.

1 - ORIGEM BÍBLICA E CONCEITUAL DA ALMA COMO EXISTENTE NA NATUREZA HUMANA

O homem segundo a perspectiva bíblica no seu tyvarb, ou seja, no seu princípio foi criado por Deus e lhe foi imputado à essência vital para manutenção da sua vida denominada de vpn néfesh “Alma”: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente.” (Gn.2:7). Note a estatística contextualizada do termo nas citações:
As Vesões tradicionais da Bíblia traduzem via de regra por “alma” uma palavra fundamental da antroplogia veterotestamentária: vpn [néfesh]. Como no francês, ame, e no inglês, soul, elas lançam mão da tradução mais freqüente de npv por  [psyché] na bíblia grega. E por anima na latina. Npv aparece 755 vezes no Antigo testamento, a septuaginta traduz seiscentas vezes por [WOLFF, Hans Walter - Antropologia do Antigo Testamento, 2008, p.29]
Embora este uso quase que definitório que em via de regra segundo Hans Wolff define para compreensão de npv “Alma” deva ser relevante para a compreensão antropológica; se faz necessário esclarecer que a dificuldade reside em que os significados popularmente atribuídos à palavra portuguesa “alma” provêm primariamente, não das Escrituras Hebraicas ou das Gregas Cristãs, mas da antiga filosofia grega, na realidade, do pensamento religioso pagão. Platão, o filósofo grego, por exemplo, cita Sócrates como dizendo:
“A alma . . . se ela partir pura, não arrastando consigo nada do corpo, . . . parte para o que é como ela mesma, para o invisível, divino, imortal e sábio, e quando chega ali, ela é feliz, liberta do erro, e da tolice, e do medo . . . e de todos os outros males humanos, e . . . vive em verdade por todo o porvir com os deuses.” [Phaedo (Fédon), 80, D, E; 81, A.]
Alma é um termo que deriva do latim anǐma, este refere-se ao princípio que dá movimento ao que é vivo, o que é animado ou o que faz mover. De anǐma, derivam diversas palavras tais como: animal (em latim, animalia), animador. Portanto compreendermos o que o escritor do Gênesis quer dizer com “alma vivente” é poder antropologicamente redefinir a existência do homem, suas relações sociais seu conceito de Deus e suas necessidades vitais.

2 - APRECIAÇÃO ANTROPOLÓGICA DO “EU” HOMEM

Partiremos da 1ª premissa e definiremos quem é o homem? A filosofia diz que: “O homem é a medida exata de todas as coisas.” A bíblia diz que o homem é a imagem e semelhança de Deus. O ser do homem no sentido da sua essência tem necessidades inatas da sua própria criação, a definição de vpn, por exemplo, nos dá uma dimensão do que este homem possui em seu cerne diversas definições, vpn significa: garganta, pescoço, anelo, alma, vida.
Em busca da definição aplicada ao texto precisamos de uma forma análoga observar os textos que tratam do significado epistemológico aplicado a cada contexto. O pensamento semítico quando intencionalmente transmitiu a idéia de alma não a limitou inferir a alguma parte do corpo humano necessitado. Precisamos observar também se a inferência a determinado aspecto do ser humano é definido com clareza. È necessário ter em mente o conceito bíblico descrito pelo autor hebreu em suas diversas esferas sociais e gramaticais correspondente ao contexto em foco. Por exemplo: Isaias 5:14: “Por isso a sepultura aumentou o seu apetite, e abriu a sua npv (boca) desmesuradamente...” Se observarmos o princípio semântico da coesão e/ou coerência textual indubitavelmente não aplicaremos a tradução da palavra alma neste contexto, pois aqui vpn está explicito que significa boca, goela, garganta, neste caso designa o órgão da ingestão de alimentos . O fato inconteste do qual nos deparamos é que muitas das aplicações da palavra alma nas traduções não ressaltam com precisão a riqueza semântica revelada no texto, todavia não se devem remover anos de tradição gramatical, em detrimento de uma intencionalidade que subjetivamente está intrínseca no texto, ou seja, a intenção do escritor está lá no texto cabe-nos descobri-la. Sobre a definição da tradução que em via de regra vpn é conclusivamente aplicada à alma se nos diz:
“Hoje podemos concluir que em muito poucas passagens à tradução dessa palavra por “alma” corresponde ao significado vpn. Entretanto, não podemos excluir, sem mais nem menos, um uso quase definitório da palavra hebraica para compreensão do ser humano. ”[ WOLFF, Hans Walter - Antropologia do Antigo Testamento, 2008, p.34]

Esta essência vital na formação do homem descrita em Gn. 2:7 , portanto o define com um ser necessitado, o homem que Deus criou foi feito com uma npv vivente, Deus o fez dependente dEle, para nosso próprio bem Deus nos subordinou as necessidades a uma “alma” cheia de fome e de sede dEle, isto redefine o homem, lhe transporta novamente a pergunta inicial: “Quem é o homem? Poderíamos a partir desta redefinição de vpn afirmar: É um ser essencialmente dependente de Deus em todas as áreas. Sua boca, garganta, goela tem necessidades de ingestão de alimentos, a doutrina da providência demonstra como a provisão de Deus é essencial para manutenção da vpn do homem: “Eis que os olhos do Senhor estão sobre os que o temem, sobre os que esperam na sua benignidade,para os livrar da morte, e para os conservar vivos na fome.” (Sl 33:18-19). A partir da redefinição do homem como um ser essencialmente necessitado partiremos para a 2ª premissa onde definiremos qual as necessidades da npv deste homem?

3 – ANÁLISE DA npv DO HOMEM E SUA RELAÇÃO COM AS NECESSIDADES DO CORPO

O homem que foi criado segundo as escrituras do pó da terra possui em sua constituição uma união vital com o corpo material organizado e que esta relação entre os dois é uma união vital , no sentido que a alma é afonte de vida para o corpo.isto evidencia-se através da morte física como um processo natural em que o homem ao morrer perde sua sensibilidade e atividade estando imediatamente sujeito às leis químicas que governam a matéria desorganizada, e pela operação dessas leis o corpo se reduz a pó. As conotações que a palavra portuguesa “alma” geralmente transmitem à mente da maioria das pessoas não estão de acordo com o significado das palavras hebraica e grega usadas pelos inspirados escritores bíblicos.
“A Bíblia não diz que temos uma alma. ‘Nefesh’ é a própria pessoa, sua necessidade de alimento, o próprio sangue nas suas veias, seu ser.”[ The New York Times, 12 de outubro de 1962-tradução minha do artigo]
Néfeshvpn é um termo de muito maior extensão do que nossa ‘alma’, significando vida (Êx 21.23; Dt 19.21) e suas várias manifestações vitais: respiração (Gn 35.18; Jó 41.13[21] ), sangue (Gn 9.4; Dt 12.23; Sl 140(141).8 , desejo (2 Sm 3.21; Pr 23.2). A alma no Antigo Testamento significa, não uma parte do homem, mas o homem inteiro o homem como ser vivente. Similarmente, no Novo Testamento significa vida humana: a vida duma entidade individual, consciente (Mt 2.20; 6.25; Lu 12.22-23; 14.26; Jo 10.11, 15, 17; 13.37). Hans Wolff define em sete signficados ligados a relação da alma com as necessidades do corpo: 1.Garganta, 2.Pescoço, 3.Anelo, 4.Alma, 5.Vida, 6.Pessoa, 7.Pronome. todas estes correspondentes apontam para o homem como sendo um ser essencialmente necessitado em/do corpo.

CONCLUSÃO


As conotações que o termo "alma" geralmente transmite à mente da maioria das pessoas provêm primariamente, não do uso dos escritores bíblicos, mas da antiga filosofia grega. Os antigos escritores gregos aplicavam psykhé de vários modos, e não eram coerentes, suas filosofias pessoais e religiosas influenciando seu uso do termo. Segundo o léxico grego-português, fornece definições tais como: Alma,vida, e reconheçe que frequentemente é impossível traçar limites claros e definidos sobre esta expressão todavia surgere "o Eu consciente" ou "ser vivente (humano ou animal)". O termo hebraico para alma vpn num sentido literal, exprime a idéia de um "ser que respira" e cuja vida é sustentada pelo sangue. Fica evidente que provém duma raiz que significa “respirar”, e, num sentido literal, vpn poderia ser traduzido como “alguém que respira”. O Lexicon in Veteris Testamenti Libros o define:
“A substância respiradora, que torna o homem e o animal seres viventes Gn 1,20 , a alma (estritamente distinta da noção grega da alma), cuja sede é o sangue Gn 9,4ss Lv 17,11 Dt 12,23 : (249 X) . . . alma = ser vivente, indivíduo, pessoa.”[ O Lexicon in Veteris Testamenti Libros, Koehler e Baumgartner, 1958, p. 627]
“Seja qual for à definição sugerida, o entendimento claro que deve permanecer sobre o significado da expressão alma vivente.” (Gn.2:7). Redefine o homem mais que formado por duas partes distintas, significa que o homem como imagem e semelhança do criador foi feito uma vpn, , um ser em sua composição única e completa posto em um sistema global sustentado e governado por um Deus cuidadoso e zeloso que o crio com um ùnico propósito:
“O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre.”[Breve catecismo de Westminster,Leonard T. Van Horn, 2000, p.7)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

BÍBLIA SAGRADA. Bíblia de estudo de Genebra.
WOLFF, Hans Walter - Antropologia do Antigo Testamento, 2008, p.34.
HODGE, Chales, Teologia Sistemática, Hagnos, 2001.
BERKHOLF, Louis, Teologia Sistemática, 2000, p.172.
WILBUR, F.Gingrich, Léxico do Novo testamento, Vida Nova, 2007, p.226.
KOEHLER E BAUMGARTNER, O Lexicon in Veteris Testamenti Libros, 1958, p. 627.
T. VAN HORN,Leonard,Breve catecismo de Westminster,Puritanos, 2000, p.7.


*O Rev. Luciano Gomes da Silva é Ministro da Igreja Presbiteriana Fundamentalista do Brasil e aluno do curso de Pós-Graduação em Teologia Exegética do SPN.e aluno do Curso de Letras pela faculdade São Miguel

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Ministração de Curso de Teologia na IPB de Candeias


CBTL - Curso Básico de Teologia para Líderes
Ministrado na IPB de Candeias-
Tema: Símbolos de Fé.

Por: Prof. Rev. Luciano Gomes

Introdução:
Drº M.Lloyd Jones fazendo um discurso em Edimburgo na Escócia em 5 de Abril de 1960 disse:
“A primeira objeção a que se olhe para trás, a idéia de que o passado não tem nada para nos ensinar... Então, porque deveríamos nós, de todos os demais olhar para trás, e especialmente para um passado de quatrocentos anos?” (JONES, M.D.Lloyd-Discernindo os tempos - Ed.PES- 1994- p.102.)

A Subscrição Confessional no Antigo Testamento


O verbo ouvir que está no imperativo no hebraico é “shemá” e tem o sentido de prestar atenção, significa ouvir, mas não é um mero escutar “envolve a idéia de ouvir com atenção”. O texto citado acima era o primeiro a ser lido de um conjunto de leituras confessionais que carregavam a mesma tônica.

Confissão de Fé Judaica

“Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus, é o único Senhor.” (Dt. 6:4)

Este é o Shemá do hebraico significa “ouve” foi a primeira grande confissão de Fé judaica, era recitada todas as manhãs e finais de tarde pelos judeus:

“Chamou, pois, Moisés a todo o Israel, e disse-lhes: Ouve, ó Israel, os estatutos e preceitos que hoje vos falo aos ouvidos, para que os aprendais e cuideis em os cumprir”. (Dt. 5:1)

Credo dos Apóstolos

“A Bíblia é a Palavra de Deus ao homem; o Credo é a resposta do homem a Deus. A Bíblia revela a verdade em forma popular de vida e fato; o Credo declara a verdade em forma lógica de doutrina. A Bíblia é para ser crida e obedecida; o Credo é para ser professado e ensinado” (SCHAFF, Fhilip - The Creeds of Christendom,Grand Rapids, Michigan,1977, p. 3.)

O que é um credo?

A palavra “Credo” é de origem no latim e denota uma postura ativa de “Eu creio” . “Eu creio, logo eu confesso” Daí surge à expressão: “Credo, ergo confiteor”.
A origem do credo está na natureza do crente. Segundo o ensinamento de Jesus Cristo, registrado nos Evangelhos, a pessoa que desejasse segui-lo deveria assumir um compromisso público. A confissão pública de fé e o batismo com água marcavam o início da vida cristã do seguidor de Jesus. Veja o exemplo nos versículos:

“Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens também eu o confessarei diante de Meu Pai que está no céu" (Mateus 10:33)

“Porque, se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo; pois é com o coração que se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação.” (Romanos 10: 9-10)

(CASSIMIRO. Arival Dias – O discurso Protestante Reformado – São Paulo – 2002 p.29)

Credo apostólico II séc.

Creio em Deus Pai, todo poderoso, Criador do céu e da terra. Creio em Jesus Cristo, Seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria; padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu em Hades; ressurgiu dos mortos ao terceiro dia; subiu ao Céu; está sentado à mão direita de Deus Pai todo poderoso; donde há de vir a julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo; na santa Igreja universal; na comunhão dos santos; na remissão dos pecados; na ressurreição do corpo; na vida eterna. Amém. (Breve C. Westminster)

Origem do credo Apostólico:

O credo apostólico tem sua origem no Credo Romano Antigo (Século II) Sendo modificado através dos séculos por algumas injunções doutrinárias chegando à sua forma atual, por volta do sétimo século. A utilização do credo se dava no culto público, durante o sacramento do batismo e na preparação dos novos crentes (catecúmenos). Sempre era recitado com a oração do Pai nosso. (CASSIMIRO. Arival Dias – O discurso Protestante Reformado – São Paulo – 2002 p.29)

O desenvolvimento dos credos na igreja Primitiva

O eminente historiador Philip Schaff, The Creeds of Christendom, disse que "os credos nunca precedem a fé, mas a pressupõem”. Schaff diz ainda que os credos "emanam da vida interior da igreja, independentemente da ocasião externa... Em certo sentido pode se dizer que a igreja cristã nunca ficou sem um credo”.

Parece que as formulações doutrinárias (credos) já eram comuns no tempo dos apóstolos. O gérmen dos credos está afirmado nos escritos apostólicos. Judas, por exemplo, faz referência direta a algum tipo de formulação existente no seu tempo:
Ele fala da "fé que uma vez por todas foi entregue aos santos" (Judas 3). Essa fé é o conjunto de verdades reveladas que estavam de alguma forma sistematizada e eram aceitas pelos crentes de então.No versículo 20 Judas fala da edificação dos crentes na fé santíssima, o que pressupõe a existência de uma formulação pré-credal.

Contudo, a essa altura, não se pode falar que havia credos formalmente elaborados na igreja do Novo Testamento, mas a idéia de um credo já estava perfeitamente a caminho.

O que é um símbolo de fé?


As confissões e declarações de fé são documentos criados pelas igrejas para expor sistematicamente as doutrinas defendidas por elas. Essas declarações de fé por muitos anos foram o texto utilizado para estudos bíblicos e discipulados dentro das igrejas. Nas palavras de Philip Schaff:
“Um Credo, regra de fé ou símbolo é uma confissão de fé para uso público, ou uma forma de palavras colocadas com autoridade… que são consideradas como necessárias para a salvação, ou, ao menos, para o bem-estar da igreja cristã.” (SCHAFF, Fhilip. Creds of Christendom-Grand Rapids baker, 1971- p.784)

Qual a relevância dos símbolos de fé?


Entre outras objeções e aversão ao estudo dos símbolos de Fé estão a declarações de que eles são antiquados, velhos e não se adaptam a realidade atual. Qual sua relevância então?
1º Olhar para a reforma e rememorar um passado de 500 anos e os símbolos de fé adotados pelas igrejas presbiterianas no Brasil são o maior legado que as igrejas históricas poderiam receber deste passado glorioso.
2º Rememorar os símbolos de fé de Westminster é recorrer ao mais alto padrão doutrinário formulado pela igreja de Cristo ao longo dos séculos.
3º Rememorar os símbolos de fé é recordar o princípio que deu origem a maior reforma que a igreja do Senhor passou, a saber, a “Sola Escriptura”. (volta as Escrituras) Portanto pretendemos dar uma olhada no passado e rever o que jamais deveria ser considerado como antiquado e descontextualizado.

Algumas objeções ao estudo, preconceitos e falácias sobre os símbolos de Fé

O estudo dos Símbolos de Fé tem sido cada dia mais uma prática negligenciada pelas igrejas ditas “Confessionais”. Isto se evidencia pela escassez de material na língua portuguesa que trate do assunto, ou simplesmente pela omissão da subscrição confessional ou até mesmo a quebra dos votos de ordenação dos presbíteros e pastores das igrejas históricas.
Este é um perigo enfrentado pelas igrejas que possuem uma confissão de Fé. Pois, esta ‘indefinição” conforme nos alerta o professor Heber Campos, tem entrado dentro da igreja e minado a autoridade do sistema confessional da Igreja. Ano após ano candidatos ao Sagrado Ministério e presbíteros juram fidelidade aos Símbolos de Fé das nossas igrejas no Brasil; todavia, eles quebram o juramento adotando práticas e doutrinas contrárias aos Símbolos de Fé que juraram ensinar e praticar.

Sugestão de uma subscrição confessional para oficiais e ministros

Nós, abaixo assinados, sinceramente e de boa consciência, declaramos que, por esta subscrição, estamos firmemente persuadidos de que todos os pontos contidos em nossos símbolos de fé reformados, elaborados pelos nossos antepassados espirituais, refletem com fidelidade, por sua interpretação, os ensinamentos da Palavra de Deus.
Prometemos, assim, ensinar com toda a diligência as doutrinas afirmadas em nossos símbolos de fé, sem que as contradigamos direta ou indiretamente, quer por pregação pública ou pelos nossos escritos.
Declaramos, além disso, que não somente rejeitamos os erros que militam contra essas doutrinas, mais estamos dispostos a refutar e a contradizer os ataques à sã doutrina, para que a conservemos pura, e a igreja seja livre de cair em heresia. (CAMPOS, Heber- Fides reformata- São Paulo-2007 –p.113)

A obrigatoriedade da Subscrição dos símbolos de fé de Westminster seria uma imposição aos ministros e oficiais?

Devido à falta de fidelidade confessional marcante em nossos dias é necessário discutir este assunto com base nos padrões presbiterianos que deram origem a nossa denominação. Esta questão foi tão seriamente tratada que o prof. Ulisses Horta diz que nas igrejas da Escócia a posição oficial quanto à subscrição obrigatória dos símbolos de fé de Westminster foi sancionada da seguinte maneira:

“Em outubro de 1690 a Assembléia Geral restaurada ordenou que, para a manutenção da consistência e de unidade na doutrina, julgamos necessário que todos os candidatos a prova licenciados para pregar, todos ingressantes no ministério, e todos os demais ministros e presbíteros recebidos conosco na comunhão do governo da Igreja, sejam obrigados a subscrever sua aprovação à Confissão de Fé”. (SIMÕES, Ulisses Horta. A subscrição Confessional - Necessidade, relevância e extensão. Belo Horizonte - Ed. Eufrata, 2002, p.62)


Os símbolos de fé e o seu valor histórico na contemporaneidade.


Temos vivido um tempo em que a verdade perdeu sentido; a relativização da verdade tornou-se algo patente em nossos dias; vivemos em um mundo que não quer mais limites, não deseja base para sustentar-se. E, infelizmente, as nossas igrejas estão indo pelo mesmo caminho.
Precisamos resgatar a identidade confessional em nossas igrejas. Alguém poderia perguntar se há alguma utilidade no uso de credo e confissões na igreja hoje? Esta pergunta advém de uma concepção anti-confessional conforme percebemos em nossa época. Por que estamos vivendo tal crise dentro de nossa Igreja?
“Porque vivemos num tempo de alta indefinição teológica um tempo onde vale a privatização das convicções. Isto quer dizer que muitas pessoas não têm compromisso com alguma coisa escrita à qual elas prestam lealdade. As pessoas querem ter as suas próprias convicções pessoais, sem darem qualquer atenção ao que foi escrito no passado pelos nossos Pais na Fé.”

(CAMPOS, Heber , citação prefácio In: SIMÕES, Ulisses Horta. A subscrição Confessional –Necessidade , relevância e extensão. Belo Horizonte-Ed. Eufrata, 2002, p12-13.)

Qual a posição oficial da IPB quanto à subscrição dos símbolos de fé de Westminster?

Constituição da IPB:

Art.1: “A Igreja Presbiteriana do Brasil é uma federação de igrejas locais, que adota como única regra de fé e prática as Escrituras Sagradas do Velho e Novo Testamento e como sistema expositivo de doutrina e prática a sua Confissão de Fé e os Catecismos Maior e Breve;...”
Art. 28 prescreve-se que os presbíteros e diáconos, “... assumirão compromisso na reafirmação de sua crença nas Sagradas Escrituras como a Palavra de Deus e na lealdade à Confissão de Fé, aos catecismos e à Constituição da IPB.”
Art. 33: O novo ministro, por ocasião da cerimônia de ordenação, reafirmará sua crença nas Escrituras Sagradas como a Palavra de Deus, bem como a sua lealdade à Confissão de Fé, aos Catecismos e à Constituição da Igreja Presbiteriana do Brasil. Prometerá também cumprir com zelo e fidelidade o seu ofício, manter e promover a paz, unidade, edificação e pureza da Igreja.
Art. 44: “Estes Princípios de Liturgia são Lei Constitucional da Igreja Presbiteriana do Brasil, só reformáveis nos mesmos trâmites da Constituição. E, assim, pela autoridade que recebemos, determinamos que estes Princípios de Liturgia sejam divulgados e fielmente cumpridos em todo o território da Igreja Presbiteriana do Brasil.”
Art.139: Esta Constituição, a Confissão de Fé e os Catecismos Maior e Breve, em vigor na Igreja Presbiteriana do Brasil, não podem ser emendados ou reformados senão por iniciativa do Supremo Concílio.
Art. 119 “parágrafo único”: Poderá o Presbitério dispensar o candidato do exame das matérias do curso teológico; não o dispensará nunca do relativo à experiência religiosa, opiniões teológicas e conhecimento dos símbolos de fé, exigindo a aceitação integral dos últimos.
Art. 120 “B”: Deve ainda o candidato à licenciatura apresentar ao Presbitério: B) Uma tese de doutrina evangélica da Confissão de Fé. (Manual Presbiteriano – 15ª Edição –- São Paulo – Ed. Cultura Cristã - 1999)

Manual do Culto Presbiteriano:

Ordenação e Investidura de Presbíteros Regentes

Pergunta Constitucional 2: Recebeis e adotais sinceramente a Confissão de Fé e os Catecismos desta Igreja, como fiel exposição do sistema de doutrina ensinado nas Santas Escrituras?

Licenciatura de Pregadores Candidatos ao Santo Ministério.

Pergunta Constitucional 2: Recebeis e adotais sinceramente a Confissão de Fé e os Catecismos desta Igreja, como fiel exposição do sistema de doutrina ensinado nas Santas Escrituras?

Todos esses documentos (Constituição, Código de Disciplina, Princípio de Liturgia, Confissão e Catecismos) têm força normativa, não somente aos membros, como, principalmente, aos oficias ordenados da IPB. (Manual do Culto – Reimpressão – São Paulo – Ed. Cultura Cristã – 2000.

Conclusão:

Todos esses documentos (Constituição, Código de Disciplina, Princípio de Liturgia, Confissão e Catecismos) têm força normativa, não somente aos membros, como, principalmente, aos oficias ordenados da IPB.

O que significa força normativa? De acordo com a tradição reformada há um entendimento que a autoridade dos símbolos de fé é decorrente da Bíblia, sendo relativa e falível de acordo com a expressão em latim “Norma Normata”, ou seja; regra que é regulada, a força, portanto dos símbolos de fé deve ser regulada pelas Escrituras, sua autoridade é derivada da Bíblia.

A Escritura Sagrada por sua vez é a Norma Normans, uma regra que regula os credos e confissões. A posição romana era a de que os antigos credos fossem Norma Normans eram absolutos e infalíveis, eram colocados com a mesma autoridade da Bíblia.

Razões porque os membros rejeitam o estudo dos símbolos de Fé

Os símbolos de Fé são ultrapassados demais! São documentos muito antigos, tiveram valor circunstancial, serviram para a igreja do Séc. XVI, não serve mais para as igrejas modernas como padrão doutrinário a realidade é outra, encontram-se ultrapassados e precisam de uma reformulação urgente.
Refutação: Vivemos em meio a uma grande confusão de novos ensinos, embora saibamos que isso não é novidade, pois é previsto nas Escrituras. O povo cristão não conhece as confissões de fé, nem a sua importância; ao contrário, há uma aversão contra elas como se têm aversão por coisa velha, ou algo descontextualizado. Alguns têm dito que temos que adequar à nossa geração. Isso é uma meia-verdade e uma meia verdade é uma mentira. O grande teólogo John Murray percebendo a intenção desta afirmação disse:
“Frequentemente tem-se argumentado que a mensagem cristã precisa ser adaptada ao homem moderno... Nas é muito mais verdadeiro e importante argumentar que o homem moderno tem que se adaptar ao evangelho” (Prólogo: HODGE-A. A. Confissão de Westminster- São Paulo - Puritanos-1999-p. 4)

Necessidade das Confissões e Catecismos no contexto da Reforma

“No período da Reforma, é sabido, as diferenças doutrinárias entre o segmento do Cristianismo que aspirava reforma em relação ao segmento que as rejeitava eram tais, que os antigos Credos ecumênicos não mais atendiam para equacioná-las. O fato de o segmento fiel ao Papismo e à hierarquia clerical da Igreja Romana continuar subscrevendo os antigos Credos, mas admitindo por outro lado toda a tradição que os contrariava, levou os reformadores a elaborar as Confissões” (SIMÕES, Ulisses Horta. A subscrição Confessional – Necessidade , relevância e extensão. Belo Horizonte-Ed. Eufrata, 2002, p.39).

“A Igreja cristã desde os primórdios, tem adotado credos e confissões de Fé... Estes Documentos confessionais surgiram em geral, de situações de crises doutrinárias, com as quais os cristãos se depararam, e pretendem conservar o testemunho da fé apostólica “. (KLEIN, Carlos Jeremias - Os Sacramentos Na Tradição Reformada – São Paulo – Ed. Fonte Editorial - 2005 – p.116 )

Na Reforma Protestante do século XVI, o uso de Catecismos e Confissões, foi de grande valia para a educação dos crentes, partindo sempre do princípio da necessidade da fé explícita, de que todos os cristãos devem conhecer a sua fé, sabendo no que crêem e porque crêem.
Os catecismos e as confissões segundo o Rev.Arival Dias são considerados os credos Reformados devido à necessidade da elaboração de fé mais detalhada e sistematizada.
Os catecismos possuíam a forma didática comum na prática pedagógica tradicional que era a catequese, sua forma de perguntas e respostas com objetivos eminentemente didáticos.
A palavra Katecheo, significa ensinar, instruir e informar que por sua vez era derivada de outro vocábulo Katekeim que significa “fazer ecoar”. Esta era a didática empregada pela pedagogia tradicional da época da formulação dos credos e confissões.

A Confissão de Westminster (1646) bem como os Catecismos Maior (1648) e Menor (1647), foram redigidos na Inglaterra, na Abadia de Westminster, conforme convocação do Parlamento Britânico. O objetivo primário desta Assembléia era a revisão dos Trinta e Nove Artigos da Igreja da Inglaterra.

Trabalharam na elaboração da Confissão, 121 teólogos e trinta leigos nomeados pelo Parlamento. Realizaram 1163 sessões regulares, sem contar as inúmeras reuniões de comissões e subcomissões. Os principais debates desta Assembléia não foram de ordem teológica, já que praticamente todos eram Calvinistas, mas sim no que se refere ao governo da Igreja.

O Breve Catecismo foi elaborado para instruir as crianças; O Catecismo Maior, para a exposição no púlpito, ainda que não exclusivamente. Eles substituíram em grande parte os Catecismos e Confissões mais antigos adotados pelas igrejas Reformadas de fala inglesa.
Apesar da teologia dos Catecismos e da Confissão de Westminster ser a mesma, sendo por isso sempre adotado os três, parece que os mais usados são o Catecismo Menor e a Confissão.
Eles tiveram e têm uma grande influência no mundo de fala inglesa, principalmente entre os Presbiterianos, embora também tenham sido adotados por diversas igrejas batistas e congregacionais.No Brasil, estes Credos são adotados pela Igreja Presbiteriana do Brasil, Presbiteriana Fundamentalista, Independente, Presbiteriana Conservadora e outras denominações reformadas.
O prof. Alderi Souza exaltando o alto padrão da Confissão de Westminster diz: “A confissão de fé é um documento extremamente moderado e judicioso”. O autor William Beveridge conclui: “Devemos agradecer a Deus por esta declaração sábia, completa e equilibrada de nossa fé, que chegou até nós como uma herança preciosa da Assembléia de Westminster”. (MATOS. Alderi Souza - O que Todo Presbiteriano Inteligente Deve Saber – Editora SOCEP – São Paulo – 2007 - página 73).

Bibliografia:

JONES, M.D.Lloyd -Discernindo os tempos - Ed.PES- 1994;
SCHAFF, Fhilip - The Creeds of Christendom,Grand Rapids, Michigan,1977;
CASSIMIRO. Arival Dias – O discurso Protestante Reformado – São Paulo – 2002;
CAMPOS, Heber- Fides reformata- São Paulo-2007;
SIMÕES, Ulisses Horta. A subscrição Confessional - Necessidade, relevância e extensão. Belo Horizonte - Ed. Eufrata, 2002;
HODGE -A. A. Confissão de Westminster- São Paulo - Puritanos-1999;
MATOS. Alderi Souza e NASCIMENTO. Adão Carlos - O que Todo Presbiteriano Inteligente Deve Saber – Editora SOCEP – São Paulo – 2007;
Manual Presbiteriano – 15ª Edição –São Paulo – Ed. Cultura Cristã –1999;
Manual do Culto – Reimpressão – São Paulo – Ed. Cultura Cristã – 2000;
KLEIN, Carlos Jeremias - Os Sacramentos Na Tradição Reformada – São Paulo – Ed. Fonte Editorial - 2005.

Sola Escriptura

Sola Escriptura
Ser um Cristão reformado é está interessado em se reformar sempre.É prezar pelos princípios da reforma, e estar disposto a adaptar toda a vida e teologia ao exame final das Escritutras.